Existia uma pessoa que me ensinou algo
Esse daí sou eu na minha primeira apresentação de teatro da vida. Essas duas ao meu lado são minhas avós. As duas já morreram. Não deixaram de existir. Vó Thereza, com suas unhas imensas que decoravam, lado a lado, o cigarro que sempre segurava, me ensinou sobre a beleza das coisas, me fez admirar a Hebe e me apresentou os primeiros palavrões. Vó Tonha, montada na sua icônica bicicleta, foi minha primeira referência de empoderamento. Teve seu próprio negócio, se divorciou, encontrou um novo amor e escolheu viver o pouco tempo que lhe restou vendo o mundo. Não deixaram de existir, pois vivem e viverão pra sempre em mim.
Rafa Hoss
Essa é a Aline, uma das minhas melhores amigas. Nesse dia estava muito feliz por ser padrinho de casamento dela e estar junto nesse momento tão especial
Bruno César
Na foto, à minha esquerda e logo atrás de mim, está minha avó materna, Neusa. Para complementar a pensão deixada por meu avô, ela se dedicava a diversas atividades, entre elas, pintar telas e panos de prato. Quando eu era bem pequeno, costumava sentar ao lado dela na mesa da cozinha enquanto ela trabalhava nas pinturas. Foi ela quem me introduziu ao mundo das artes, ensinando-me meus primeiros passos no que hoje é minha profissão.
Pedro Dalla Rosa
voar, querido tio, voar aprendi contigo.
a falta que tu me faz é tão grande quanto a tua coragem de atravessar o oceano pra realizar o teu sonho de ser médico.
ou maior, se possível.
tamanha é a admiração que tenho por ti, que bebendo da tua coragem, hoje eu trabalho com o meu, ser artista.
tu podes já não estar,
mas tuas palavras são presença.
te amo tio Darci.
Natalia Brock
Manifesto para a construção da casa da nossa memória
Este documento é uma carta aberta à sociedade, aos agentes culturais, às entidades, ao empresariado e ao poder público de Erechim e região, reivindicando a criação de um centro cultural no antigo prédio da Comissão de Terras, conhecido como Castelinho.
Nós, uma coalizão da sociedade civil organizada que inclui artistas, professores, arquitetos, historiadores e demais interessados, expressamos nossa preocupação com a preservação deste espaço e propomos diretrizes para um plano de ocupação deste importante patrimônio histórico do Alto Uruguai.
Erechim, uma cidade vibrante com desenvolvimento econômico consolidado, é palco de uma rica história moldada por diversos fluxos migratórios. Esses grupos construíram um legado cultural consistente, refletido em um acervo histórico repleto de documentos e objetos que conectam as gerações atuais ao passado, inspiram reflexões sobre o presente e alimentam sonhos para o futuro. Contudo, falta um centro cultural que facilite o acesso a esses artefatos, permitindo que o público interaja com este legado material e, consequentemente, consigo mesmo.
A criação de um centro cultural com foco histórico e artístico tornou-se ainda mais urgente após as recentes enchentes em nosso estado, que resultaram na perda de muitas memórias, tanto individuais quanto coletivas.
Localizada estrategicamente no Alto Uruguai, Erechim serviu como um modelo de migração e agora possui o potencial para se tornar um modelo de resgate histórico para a região e para o estado. O edifício do Castelinho, um documento vivo dos fluxos migratórios e da ocupação da área, é incontestável para sediar um centro cultural que reflita sobre esse histórico, além de promover a indústria criativa e o turismo da região.
Através de uma associação, pretende-se ajudar a articular com entidades públicas e privadas para assegurar verbas que viabilizem a revitalização deste patrimônio estadual tombado, garantindo a execução do projeto que já está pronto, dando vida ao edifício e devolvendo este espaço à comunidade. O plano inclui promover a história e a cultura local e explorar novas formas de contar nossa história e fomentar movimentos culturais através da arte como metodologia de conhecimento.
Nosso acervo municipal é extenso e contém não apenas documentos, mas também fotografias e objetos que atualmente não possuem um espaço adequado de exibição. Além disso, a região é um polo educacional com várias universidades públicas e privadas. Ao criar parcerias com os cursos locais de História, Arquitetura e Urbanismo, Artes Visuais e Licenciaturas, a Associação Castelinho pode se estabelecer como um centro de pesquisa e referência cultural, com equipes dedicadas a curar exposições, desenvolver ações pedagógicas e estabelecer políticas para a valorização e preservação do acervo municipal numa perspectiva crítica e reflexiva.
Propomos dois projetos principais para a ocupação do Castelinho pela associação: um programa público educativo que oferecerá visitas mediadas para escolas, universidades e grupos interessados; e um programa de construção de um acervo artístico como projeto de pesquisa e extensão junto às universidades, que buscará por artefatos de valor histórico e artístico da região. Além disso, este centro cultural poderá oferecer aos artistas locais espaço para exposições e para a implementação de seus projetos.
Sem uma entidade independente dedicada a cuidar do Castelinho e um olhar de valorização pelo poder público, o prédio permanecerá subutilizado, sem manutenção e sem um propósito definido, comprometendo sua integridade física e privando a comunidade de um recurso cultural inestimável. Com isso em mente, acreditamos na urgência da criação de uma associação e da parceria com o poder público como o melhor caminho para devolver o Castelinho à comunidade.
Nesse sentido fazemos o chamamento para a sociedade civil e para o poder público colaborar nesta missão.